sábado, 22 de dezembro de 2007

Para não falar do Natal

O Caminhão de Idéias, depois de algum tempo longe das estradas, retornou para fazer uma nova entrega. Bem, mas, na verdade, não é exatamente da entrega que eu falarei. Também não será sobre o Natal, apesar da sua proximidade, afinal, uma festa que simbolizava um momento de união e carinho da família tornou-se, há muito tempo (ou sempre foi?), um preposto para o capitalismo extorquir mais um pouquinho, as crianças descobrirem que, independente da sua educação, quem tem mais dinheiro, Papai Noel dá um presente melhor, e a Globo fazer um amigo secreto para um monte de babac... (ops!) personalidades presentearem uns aos outros, enquanto tem gente querendo uma lata de leite de "presente" para fazer um mingau para seu filho.

Se bem que seria legal falar algumas curiosidades de Natal, mas não quero entrar nessa questão. O porque da roupa do Papai Noel ser vermelha tem alguma relação com o capitalismo? Não sei! E Santa Claus se traduzir Papai Noel? Também não faço idéia... E o que representaria um senhor de barba branca, fisionomia européia, aquela farta barriga, independente de onde estiver no mundo? How, how, how... Ah, ainda melhor, que tal procurar saber o que a Coca-Cola tem haver com o nosso bom velhinho???

Já que não falarei do Natal, vou relatar algo que ocorreu comigo hoje. No meu momento de folga, caminhão estacionado, roupa de trabalho guardada na gaveta e as boas e velhas sandálias de couro nos pés. Mesmo sem companhia, fui à Ponta do Humaitá (para mim, o melhor pôr-do-sol que já vi) para curtir o enamorado encontro entre o Sol e o Mar. Aquele astro-mor pronto para mergulhar no calmo tapete azul e dar lugar à plenitude da mãe Lua no céu, e eu lá de espectador, vibrando por dentro ao poder presenciar um dos fenômenos mais belos da natureza. Olhava para os lados e via cada vez mais gente chegando e, bem ao meu lado, param 5 pessoas da mesma família (ô povo que fala alto...), cada um com um acarajé na mão e as duas crianças com aquelas garrafinhas de refrigerante. Nossa! Que Lindo! Momento família!!! Todos reunidos, felizes, sorrindo, brincando e... comendo. E, como numa cena de filme hollywoodiano, aquela senhora, a matriarca da família, do alto de seus 30 e tantos anos, ao final da degustação de estimada iguaria, amassa o papel, como fazemos aquela famosa bolinha em sala de aula para jogarmos no coleguinha do outro lado da sala (eu? fazendo isso? aoooonde!!!), e, de costas, como um astro do basquete norte-americano, nos 2 segundos finais do último jogo do campeonato, arremessa, com o prazer e louvor que só ela sentiu, às pedras que logo abaixo encontravam-se. Juro que vi tudo em câmera lenta! Que exemplo maravilhoso que acabara de ser dado aos seus filhos! Uma mãe, o principal espelho que as crianças têm dentro de casa, comete, na frente delas, um ato como esse. Há menos de 20 metros adiante, uma lata de lixo estava a espera de não ser considerada um simples adereço de porta de restaurante. Como se não bastasse, quando me viu tirando foto do papel jogado à natureza, ainda me faz cara feia...

Pensou que acabou por aí? Quando estavam indo embora, eu pensei que ela tinha aprendido a lição. Os filhos haviam deixado suas respectivas garrafinhas de refrigerante na balaustrada. Uma ainda pela metade e a outra, já caída de lado, vazia. A tampinha da primeira estava ao lado dessa. Então, levantaram-se todos e, ao perceber que esquecera algo, a matriarca retorna, pega a garrafa que estava pela metade, a tampa que estava junto à vazia, encaixa-a e... vai embora!!! #@%&#$¢§&%#$!!!!!!!!!!!!!! Alguns segundos depois, a garrafa que ali fora abandonada, como uma criança numa noite de Natal sem seus pais, sem o carinho e o aconchego de um lar, corre para se juntar ao papel outrora jogado às pedras.





O pôr-do-sol eu perdi...

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

"A emportança do bon portugêz"

Antes que me recriminem por ter escrito o título desta entrega num português, um pouquinho, errado (Pouquinho? Isso é praticamente um genocídio!!!), quero deixar claro que foi proposital. Pois, de qual outro modo eu poderia chamar atenção para um assunto tão relevante? Deixa eu começar a história dessa entrega para que possam entender melhor o porque da "Importância do bom português"...

Estava eu retornando de uma entrega no interior de
São Paulo e resolvi dar uma esticadinha na capital antes de voltar à boa terra. No caminho, como a fome estava batendo forte, dei uma paradinha num restaurante de beira de estrada. Deixei e lado as regras de higiene e os conselhos dados pelo Dr. Bactéria e adentrei naquele xexelento, digo, sórdido recinto. Veio me atender uma simpática senhora, aparentando uns 50 e poucos anos (ela jurou que tinha 40 e poucos...), com alguns dentes faltando, outros prestes a seguir o mesmo rumo e alguns raros guerreiros que teimavam em se manterem firmes, mesmo com aquele bafo de chaminé me desejando "Boa Tarde". Bem, isso me fez entender o porque das indústrias de cigarro continuarem a todo vapor (com a licença do trocadilho)...

Pois então, solicitei o cardápio e me vi defronte a uma língua quase que indecifrável! Pensei, primeiro, que fosse um português arcaico, mas, logo depois, tive quase certeza que se tratava de latim! Era "bifi de figido", "bifi acembolado", "bode asado", "pexe" e, para acompanhamento, "fejão", "arrois" e salada (também, se tivessem errado esse nome, juro que teria saído de lá com fome...). Acabei pedindo um galeto e torci para que a comida não fosse tão ruim quanto o português.

Terminad
a a refeição, ainda pensei em sugerir algumas mudanças no cardápio, só que logo imaginei todo o trabalho que teriam de confeccionar novos, já que, apesar daquela língua hieroglífica, as pessoas estavam lá para comerem e não estudarem gramática. O fato curioso ocorreu quando saí do restaurante. Tinha acabado de chegar um carro, tipo furgão, com uns 3 mal encarados saindo dele. Até aí, nada mal... Mas o que me deixou com a pulga atrás da orelha, foi o que tinha escrito na lateral do carro: "Impório Santa Maria Ltda.". Bem, até onde eu saiba, "impório" se escreve "empório", que, segundo o dicionário KingHost, significa: "Centro de comércio internacional; praça comercial importante. / Nome que adotam algumas casas comerciais; armazém, mercado." Para quem me conhece, sabe que sou um pouco chato em relação a português e acabo por corrigir as pessoas. Independente dos burucutus que ali estavam, fui, cautelosamente, com aquele ar de intelectual falar sobre o tal erro... Resultado: um olho roxo, nariz dolorido, um galo na testa e um tantinho de terra na roupa... Caramba - pensei - imagine se eu viesse a falar algo no restaurante e seguissem a mesma reação? O mínimo que eu teria seriam umas 3 costelas quebradas...

Meio desnorteado ainda das pancadas, me pus a refletir sobre um texto que li de Sérgio Nogueira outro dia desses. Nesse texto, ele falava sobre os erros de grafia nas palavras que não temos costume de escrever. Realmente existe uma certa dificuldade, da população em geral, sobre essas palavras, entretanto, e quanto
às palavras que estão em constante presença no nosso vocabulário e, mesmo assim, são escritas de forma errada? E falo isso desconsiderando os vícios da internet! Aqueles "pq", "c", "cm", "hein", "blz", "fmz", "tb" etc. Em relação a esse "internetês", nem recrimino, pois, como disse um historiador chamado Mário Giordani, "O que existe de estável na palavra, o que corresponde à idéia, e não à função, não é a simples união de consoantes e vogais, mas sim um grupo abstrato de consoantes." Entretanto, somos bombardeados de todos os lados com textos escritos tanto por jovens em idade escolar, quanto por adultos (inclusive, pasmem, estudantes universitários e profissionais formados como professores!!!) escrevendo verdadeiras atrocidades que me fazem pensar: "AONDE VAI CHEGAR A EDUCAÇÃO DESTE PAÍS?"

Mas então, acabei descobrindo, depois, que o furgão da "Impório Santa Maria Ltda." era um disfarce para um roubo que seria cometido, mas que foi impedido graças a algum esperto policial que não havia faltado àquela aula de gramática e desconfiou da grafia errada.


Cheguei em minha casa um tanto triste com a situação deste país, ainda dolorido dos sarrafões que levei do cara do "Impório", mas reflexivo em relação a eu ser um caminhoneiro pretensioso e esperançoso em fazer a minha parte para ajudar na educação deste país, pois sei que não estarei sozinho nessa caminhada... ou melhor, com o caminhão na estrada...


Traduções... ou suas tentativas:
- "bifi de figido" = frígido? fingido?
- "bifi acembolado" = seria aquela carne do boi (acém) feita em forma de bola?
- "bode asado" = um bode dotado de asas!!!
- "pexe" = ahn?
- "fejão" = esse eu sei
- "arrois" = significa arreios em francês... mas quem comeria arreios? E como podem não falar direito o português mas se arriscam no francês? Coisas do meu Brasil...
- "salada" = salada!!!

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Seria Jean Charles um espião russo???

Gente, por favor, me perdoem essa demora quase infindável para fazer a nova entrega... Na verdade é que eu estava fazendo uma viagem tão longa e cansativa que acabei não tendo tempo para dizer sobre essa nova entrega. Aliás, depois de Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, eu fiz a minha primeira viagem internacional!!! Siiiiim, o caminhão de idéias chegou à Europa!!! Bem, certo que eu quase fui pego pela alfândega, me confundiram com terrorista, umas loucas saíram atrás de mim gritando: Lenny! Lenny! (quem é esse????), dentre outros maus bocados que passei lá.

Ah sim, falei que cheguei à Europa, na terra da única múmia viva do mundo!!! A Rainha Elizabeth!!! Aliás, cheguei bem no dia que ela estava fazendo um desfile a céu aberto... Imaginem só... a Guarda Real em volta, aqueles trajes impecáveis, Tutancamón, digo, a Rainha Elizabeth acenando para as pessoas na rua. E se fosse aqui no Brasil??? Era desfile dentro do caveirão!!! E Guarda Real que nada, colocava logo o BOPE para fazer a segurança!!! Enquanto na Inglaterra tocava aquela marchinha real, aqui só se ouviria: "Tropa de Elite, osso duro de roer...".

Pois então, mas minha vida lá não foi somente curtição. Eu fui chamado para fazer uma entrega, na Inglaterra, de documentos secretíssimos!!! Daí me mandaram para lá de avião e depois me arranjariam um caminhão para eu levar a encomenda. Só que, chegando no aeroporto, vi uma movimentação estranha... Era burburinho de um lado, um tal de falar no pé do ouvido do outro, aqueles guardas falando no walk talk (para nós brasileiros, uoquitóqui) e, de repente, uns 15 policiais me cercaram... Só de pensar, já me dá um frio na espinha... eita que vitinho vai virar espetinho de roast beaf (rosbife para nós).

Dentro de uma sala que só tinha uma luminária virada bem para o meu rosto, 5 agentes da CIA começaram a me encher de perguntas... Era um tal "Where are you from?", "What are you doing here?", "Why you are using this ridiculous hair?"... E eu, sem entender pataquadas de nada, olhava para um, olhava para outro e respondia com a maior convicção possível, no meu inglês aprendido nas aulas dos tempos de colégio: "The book is on the table, and the pencil is red" (toda a tradução estará ao final desse texto). Mas depois que eu falei isso, acho que o bicho pegou de vez!!! Eles se enfureceram de um jeito que eu nunca tinha visto... Para a minha sorte, chegou um sexto agente na sala, que era brasileiro!!! O nome dele é Washington (Uóxto, como falaria minha avó, no interior). Ufa... estava salvo!!! Havia sido ele quem encomendou os documentos... Quanto ao que eu falei, utilizando-me do meu inglês de fundo de quintal, eles pensaram que era algum tipo de deboche de terrorista mal intencionado...

Depois dos incidentes do 11 de setembro nos Estados Unidos, o mundo todo entrou em alerta. Quem não lembra da banalidade que foi o assassinato de nosso conterrâneo Jean Charles de Menezes? Já disseram que o brasileiro pulou a catraca do metrô de Londres; disseram que ele estava com um casaco bem largo e cheio de fios saindo pelos bolsos; que ao vir três pessoas o seguindo, saiu correndo (mas prestem atenção, se alguém percebe que está sendo seguido, vai fazer o que? Parar e gritar: "Eu me entrego!"?); que era usuário de cocaína; estava portando uma mochila suspeita (realmente, se bolsada de velhinha já dói, imagine levar uma mochilada???); e, até mesmo, que parecia com um dos terroristas mais procurados do mundo...
Parando para pensar... realmente... é porque não dá para ver nessa foto, mas a unha do dedo mindinho tem alguma semelhança...


Mas logo logo teremos uma nova reviravolta nesse caso. Uma fonte confiável, da própria Scotland Yard (iscotilendi iardi, para o bom brasileiro), me adiantou que, na verdade, Jean Charles era um espião russo da KGB, que queria explodir o Big Ben (aquele relógio da torre) e descobrir um dos maiores segredos da Inglaterra: a fama do "chips, pea and fry fish" (chipis, pí endi frai fixi)...


Traduções:

"Where are you from?" = "Daonde é tu?"
"What are you doing here?" = "Que é que tu quer aqui?"
"Why you are using this ridiculous hair?" = "Que diacho de gambá morto é esse na sua cabeça?"
"The book is on the table, and the pencil is red" = Tem certeza que querem que eu traduza isso?
"chips, pea and fry fish" = "batata frita, ervilha e peixe frito", sou mais meu feijão com arroz...

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

E quem paga essa pizza???

"Em Brasília, são 19 horas..."

Quem nunca escutou essa chamada que, de segunda a sexta, invade as nossas casas, interrompendo aquela musiquinha agradável que, até então, escutávamos no rádio? Pois então... estava eu voltando de Brasília, no dia 12 último, totalmente desligado do mundo e escutando uma música, aquela do Gabriel... como é mesmo? Ah, dpois eu lembro... Sim, voltando à Voz do Brasil, entoou aquela voz fúnebre dentro do meu caminhão que eu quase caio duro!!!

Bem, deixa eu contar essa história desde o início. Estava eu lendo uma fábula infantil, o "Ali Babá e os 40 ladrões", quando recebo uma ligação de um pizzaiolo amigo meu pedindo, urgentemente, para que eu fosse levar umas encomendas lá em Brasília. Ele não tinha entregadores o suficiente para atender tamanha demanda, então, como naquele dia eu não estava fazendo nada mesmo, resolvi ajudá-lo.

Pelo jeito a festança seria boa!!! 40 pizzas tamanho família!!! Esse número não me era estranho (qualquer semelhança é mera picaretagem...)...

Por volta das 18 horas fiz a entrega lá na frente do Senado e esperei alguém para dar a minha gorjeta... Passaram alguns gracejando, outros esbravejando e nada de alguém me pagar. Escutei um dizendo que eles iriam pagar caro... será que estavam falando da pizza? Mas, para terem encomendado uma quantidade tão grande, aposto que não seriam bem eles que iriam pagar... De repente vejo alguém debaixo dos holofotes, cheio de fotógrafos, repórteres, jornalistas, um mundo de gente em volta. Será que era alguém famoso? Com minha Polaroid descartável ainda consegui tirar uma foto dele, mas como ele entrou logo no carro, não deu para ver direito quem era.

Argh, triste vida essa, viu? Acabou que ninguém me pagou as pizzas, então resolvi ir embora...

Agora sim vem a Voz do Brasil!!! Já eram 19 horas quando aquela voz de locutor de marcha fúnebre interrompeu a música do Gabriel que eu escutava (juro que até o final eu lembro qual era a música!!!). E olha a notícia que recebo logo de cara: "Renan Calheiros é absolvido". Por 40 votos (olha esse número novamente, será cabalístico?) a favor da absolvição, 35 votos pela cassação e 6 abstenções, ele se livrou dessa.

Como o caminho de volta era longo, ainda deu tempo de escutar duas notícias um tanto quanto preocupantes. A primeira é a que há uma grande possibilidade de ser arquivado o processo contra Canalheiros, digo Calheiros, onde ele perdoou uma dívida de R$100 milhões de uma cervejaria que, para bom entendedor, meia palavra basta, numa história de tráfico de influência. A segunda é que, ou o povo brasileiro não sabe contar, ou o painel do Senado estava quebrado, ou tem gente mentindo na história. Pois, segundo declarações dos próprios senadores, 46 deles disseram que votaram a favor da cassação... É, nem eu estou entendendo mais...

Então, passados alguns dias, foi que eu coloquei para revelar aquela foto que eu tirei com a minha Polaroid... Eu pagaria até uma pizza para saber o que se passava pela cabeça dele para estar com essa carinha de deboche... mas descobri que ele só gosta das verdinhas... é vegetariano!!!

Quanto às pizzas, quem pagou? Não sei bem... mas tem uma história de CPMF por aí que me pesa no bolso...

Ah, lembrei da música!!! Nela, Gabriel, o Pensador, diz mais ou menos assim:

"A miséria só existe porque tem corrupção.
Desemprego só aumenta porque tem corrupção.
Violência só explode porque tem tanta miséria e
desemprego.
Porque tem tanta corrupção!
"Todos que me conhecem sabem muito bem que eu não
admito o enriquecimento do pobre e o empobrecimento do
rico!"
E você, que nasceu nesse país.
E que sonha e que sua pra ser feliz.
Você presta atenção no que o candidato diz?
Ou cê vota em qualquer um, seu babaca?
E depois da eleição, você cobra resultado?
Ou fica aí parado, de braço cruzado?
Cê lembra em quem votou pra Deputado?
E quem você botou lá no Senado?"

sábado, 8 de setembro de 2007

O caso do trem "meio-bala"

Bem, com um pouco de atraso, irei falar sobre essa entrega que fiz lá em São Paulo...

Outro dia desses recebi uma ligação para fazer essa entrega, a carga era importada, acho que do Japão (ou seria Coréia? Quem sabe China? deixa pra lá...).

Mas isso não importa muito. A questão é que eu tinha de levar no Palácio dos Bandeirantes!!! Olha que eu estou virando chique!!! Até entrega para governador estou fazendo! E dois de vez, viu?! Além do Zé, conhecido também por Sr. Burns, quem estava lá era o governador do Rio de Janeiro, o Sérgio Cabral (aquele mesmo que disse que Getúlio se matou com um tiro na cabeça - para quem não sabe, o tiro foi no coração... até minha mãe, que odeia história, sabe disso...).

Pois então, como eu já estava por lá mesmo, fiquei para ver sobre o que falavam aqueles dois senhores lá na frente do auditório do palácio. Hum... coisa interessante, imagina que eles estão querendo fazer uma ferrovia que liga São Paulo ao Rio de Janeiro?! Mas não é uma ferrovia qualquer, é para a passagem de um trem bala!!! Siiiiimmm!!!! Aquele mesmo que grandes cidades de primeiro mundo têm!!! Nossa, que maravilha, além de desafogar um pouco o tráfego aéreo, poderá ter a desoneração das tarifas aéreas nesse percurso (estou me desconhecendo, falei até bonito agora!!!) e é uma alternativa para quem odeeeeeia viajar de avião.

Mas como nada é perfeito, o jeito brasileiro de ser tinha que predominar nessa conversa...

Prestem atenção na idéia... A parte séria da conversa incluía o seguinte: Após a licitação, que deverá ocorrer até o final desse ano, do início ao fim das obras, deverão ser 8 anos (se bem que obra pública no Brasil, multiplique por 3), o valor total seria estimado em 18 bilhões reais (nesse daí multiplique por 3, some 17, eleve à quarta potência e no final você subtrai 10 centavos, para não dizer que eu estou exagerando muito no superfaturamento), o percurso seria feito no máximo em 1 hora e 25 minutos e o trem poderá chegar até a 300km/h. Agora chega a parte, um pouco, digamos, diferente da questão... José Serra, com toda a seriedade que a sua ilustre careca lhe proporciona, diz que, ao invés de se trazer um trem bala, poderíamos ter um trem "meio-bala"!!!

Hein? Quê? Cuma? Trem "meio-bala"? Até eu fiquei curioso...

É o seguinte: Como já tinha dito, o trem bala chega a uns 300 km/h. Mas o nosso antigo candidato à presidência, propôs que o trem parasse umas 2 vezes no meio do caminho para pegar uns agregados... portanto ele não atingiria sua velocidade máxima final. Por esse motivo, o próprio Zé Mané, ops, quero dizer, José Serra, disse que o trem não seria bem um trem bala, e sim um "meio-bala"!!! Prontamente, o nosso digníssimo Sérgio Cabral (que pelo sobrenome já nos mostra o porquê de idéia tão brilhante), concordou e fez coro à nomenclatura dada ao nosso ultra-veloz trenzinho...

Pois então, uma política meia-boca quer nos dar um trem meia-boca, digo, meio-bala...

domingo, 26 de agosto de 2007

Enquanto isso, em Alagoas...

Mais uma entrega!!!

Recebi uma encomenda bastante importante para levar em Alagoas (desta vez não tem nada haver com fazendas, bois, pensões, lobistas...). Fui incumbido de levar medicamentos para esse maravilhoso povo!!! Eita que a felicidade me bateu na hora!!! Poxa, vou ajudar a quem precisa e ainda vou dar um passeiozinho por lá, que ninguém é de ferro!!!


Dirigindo pela estrada quando me deparo, em alguma cidadezinha, com uma jovem senhora e seu filho, nos braços, ambos chorosos, ele de dor e ela de dó. Ah, como sempre fui muito prestativo, obviamente, parei no acostamento e chamei-os para subirem, pois iria levá-los ao hospital mais próximo.

Passa buraco
e sobe ladeira
e curva fechada
e muita poeira.
Óia a boiada!
Óia o buraco!
Óia o menino!
Óia a parabólica!

Óia o Hospital! Chegamos. E lá entrando só via gente pelos corredores. "Preciso de um médico, preciso de um médico!" - gritava a jovem mãe - "Meu filho está muito doente...". E mal terminou de falar, um senhor se endireitou sobre uma cadeira e disse: "Olhe ao seu redor, todos aqui precisam de um médico". E era gente dividindo maca, sentada no chão, se espremendo nas cadeiras...

Bem que eu já tinha visto algo no jornal sobre falta de médico por ali, mas imaginei que algo tão importante como a saúde não poderia ser deixada de lado como estavam fazendo!!! Não se brinca com a saúde, será que Seu Teotônio não aprendeu quando pequeno???

Foram 88 dias paralisados. Os médicos queriam um reajuste de 50% em seus salários (segundo o sindicato, a média salarial do estado é de R$1500,00) e conseguiram próximo a isso, quase 40%. Além disso, eles pediam uma maior moralização da saúde pública no estado de Alagoas. E sabe aqueles médicos que pediram demissão (cerca de 160)? Vão voltar! E a multa imposta pela justiça (R$100,00 por dia parado)? Não vão pagar! MORALIZAÇÃO! Alguém viu por aí?

E quando eu pensava que isso iria acabar por aqui, sabe o que me disseram pelos corredores do Hospital? Outros 5 mil servidores (enfermeiros, técnicos em enfermagem, assistentes sociais, dentre outros) entraram em greve e reivindicam reajuste de 80%...

E eu com o caminhão cheio de medicamentos... Quando tem médico, não tem remédio. Quando tem remédio, não tem quem aplique.

O que aconteceu com a senhora e o menino? Bem, foram para casa tranqüilos, ele só estava com gases...

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Primeira Entrega...

Demorou...
Depois de tanta promessa, tanta enrolação e tanta gente perguntando no meu ouvido "cadê o blog que você tanto prometeu?", aqui estou estreando na minha primeira viagem!!!
ÊÊÊbaaaa... finalmente eu vou fazer o meu primeiro transporte!!! Depois de tirar a carteira de motorista, financiei um MB 1513 e estou fazendo minha primeira entrega...

Cheguei a ser chamado p fazer uma entrega em Alagoas, numa fazendinha de um tal Renan, mas desisti quando soube que ele é do tipo de cara que precisa pagar suas dívidas pelos outros... imagina só, se pensão alimentícia tem de ser lobista quem paga, quem é que me pagaria então????

Me pediram também para fazer uma entrega meio sinistra... um caixão!!! Até que parecia ser interessante, mas quando eu soube o nome do dono... Ih, Toinho? Esse precisa de caixão não, tem que queimar logo e enterrar as cinzas, senão será bem capaz dele querer ressurgir como uma fênix.

O pedido que mais me emocionou foi de uma família de lá do Rio Grande do Sul. Era uma entrega de flores em São Paulo, mas eu não aceitei. Pedi desculpas e antes de rejeitar, minhas lágrimas começaram a descer. Bem que eu quis, mas algo aqui dentro me dizia que não era p eu ir, o coração estava apertado, doendo, sofrendo... Se eu já me sentia tão mal assim distante do local do acidente, imagina quando eu chegasse lá. Ver a tristeza de todo aquele povo... me sinto fraco por isso, mas torço que todos eles possam, um dia, superar tamanha tristeza. Esquecer? Jamais! Mas aprender que se pode viver ainda...

Mas a entrega que eu aceitei agora foi para o Rio de Janeiro... Foi uma entrega valiosíssima!!! Ouros, pratas e bronzes... E também ESPERANÇA!!! Os brasileiros participantes do ParaPan deram um grande exemplo a nós, pobres mortais, que eles sim são grandes atletas, atletas completos!!! Num país onde reina preconceito contra todos os tipos de deficiência, eles provaram que, mesmo sem muito incentivo, são capazes de façanhas incríveis!!! Parabéns a todos os nossos atletas, que esse seja o pontapé inicial para um futuro glorioso de todas as pessoas que possuem algum tipo de deficiência. Espero, ansiosamente, que este reconhecimento seja não só para a inclusão destes atletas com incentivos financeiros para a realização de seus esportes, mas que abra os olhos de empresários para contratarem, para as suas empresas, portadores de todos os tipos de deficiência. Dá-lhe Brasil!!! Ainda acredito em você!!!

Agora é só esperar a próxima entrega...