domingo, 14 de agosto de 2011

Mobilidade caótica

Copa do Mundo no Brasil praticamente batendo à porta (se é que conseguiremos finalizar tudo a tempo da FIFA não mudar o país-sede) e um questionamento a cada dia mais eminente sendo deflagrado: Vamos ter espaço o suficiente para estacionar helicópteros?

Sim, você não leu errado! Estacionar helicóptero!!! Afinal de contas, se alguém ainda tinha esperança de que a mobilidade urbana de Salvador seria resolvida, essa semana foi por água a baixo, ou melhor, por terra a baixo... ou acima, com o metrô elevado... ou melhor... enfim, vamos descobrir em quantas vezes se multiplicarão os 2,4 bilhões que Wagner e Dilminha paz e amor vão liberar.

Enquanto a prefeitura bateu pé firme que o BRT seria o ideal e que tudo já estava planejado para fazer e acontecer, no apagar das luzes, nosso barba branca nos deu a feliz surpresa do metrô calça-curta super-valorizado se transformar em um metrô meia-boca super-hiper-ultra-mega-valorizado! E o que levou 12 anos para ficar (in)completo, consumindo 1,3 bilhões, em mais 2 anos vai quadruplicar de tamanho e vai funcionar antes de Galvão começar a narrar sua 9ª Copa do Mundo! Barba branca, representado pela cor vermelha, trazendo surpresas e alegrias a muita gente! Oba!!! Vamos ver com quantas laranjas se faz esse suco!!!

Ainda bem que prefeitura e governo conseguiram se entender, hein? Já que um desviou tanto por tão pouca coisa, o outro, sendo maior, tem que desviar um bocadinho mais por algo um tantinho maior também! Enquanto isso, continuamos com uma péssima malha viária, engarrafamentos constantes por falha de planejamento da engenharia de tráfego, controle precário do trânsito...

O pior ainda está por vir, e estou sendo otimista! Vamoss começar as licitações em breve, bem, isso se não proclamarem ser em caráter emergencial, o que dispensaria a licitação e faria com que instituíssem alguma empresa para fazer o $$$erviço...

Não vá juntando seu dinheiro para comprar um helicóptero não, fique aí...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Racismo e Sexismo na Unijorge (2)

Eis a resposta do suposto agressor Lucas Pimenta:

CARTA ABERTA À COMUNIDADE

Estou utilizando esta mensagem para tentar restabelecer a verdade dos fatos em relação às acusações que me foram feitas. Acusações infundadas e que estão afetando a minha vida e a vida de minha família.

Trabalhei no SIMPÓSIO DE HISTÓRIA promovido pela Coordenação do Curso no CENTRO UNIVERSITÁRIO JORGE AMADO, pois acredito que eventos como estes permitem a mim e a meus colegas crescimento e aperfeiçoamento. Não me envolvi em nenhum dos aspectos políticos do evento, mas para eles fui arrastado em função do incidente ocorrido na instituição.

No segundo dia do Simpósio, recebemos a orientação da coordenação de que quem chegasse atrasado deveria assinar a lista de presença após o fim da palestra, para que não houvesse interrupção da apresentação do palestrante. Apesar desta orientação, a aluna do 5º semestre de história, mesmo tendo chegado atrasada exigiu assinar a lista de presença, gritando o meu nome dentro do auditório.

Retirei-me do auditório para que a confusão não interrompesse a palestra e um tempo depois a mesma aluna se dirigiu a mim com o dedo em riste na minha cara me chamando de "vagabundo, moleque de recado da coordenadora do curso". Retruquei aos impropérios dizendo que ela estava sendo mal educada e ela elevou o tom de voz aproximando ainda mais o dedo de minha cara. Recuei, em atitude defensiva, afastando o dedo dela de meu nariz e pedindo que ela falasse baixo, quando a mesma, após este ato, começou a gritar descontroladamente, tentando-se fazer-se de vítima na lamentável situação que causara, dizendo que lhe desferir um tapa no rosto, sendo que o único contato físico foi ao afastar o dedo em riste, não passando sequer perto do rosto, passando longe do rosto dela, e ao me retirar ele desferiu em minhas costas uma série de tapas e disse que me acionaria pela lei Maria da Penha.

Acreditei que aquele infeliz evento seria resolvido dentro da universidade, através das normas estabelecidas pela instituição, mas a partir do dia seguinte fui surpreendido com diversas ameaças e mensagens discriminatórias, dirigidas a mim pelo meu perfil no Facebook - ameaças sérias e que me levaram a temer retornar a minhas atividades acadêmicas, a ir para escola onde estou estagiando e sair nas ruas. Em seguida, descobri que a aluna havia publicado em alguns blogs uma carta aberta me citando como agressor, racista e sexista, representante de uma elite branca masculina.

Além de me acusar de uma agressão que nunca ocorreu, como as testemunhas presentes poderão comprovar, atribuiu a mim palavras que eu não disse e deu a estas palavras a interpretação que lhe pareceu mais conveniente. A aluna também foi a um programa de TV de grande audiência, o “Hoje em Dia”, da TV Itapoan, repetir as afirmações a meu respeito, fazendo o dano já causado a mim, atingir também minha família.

Estou sendo julgado publicamente a partir apenas da acusação desta aluna, sem qualquer direito de defesa por não dispor dos contatos e recursos que ela possui em função de sua posição no CENTRO ACADÊMICO (C.A) e atividade profissional. Entendo a importância do C.A como interlocutor legítimo dos estudantes e também entendo que em função disto o C.A possa divergir da coordenação do curso, mas não entendo, e nem posso aceitar, que meu nome e o nome de minha família sejam utilizados como instrumento político no embate entre o C.A e a coordenação do curso.

A estudante afirma que eu pertenço a uma elite branca e masculina a partir exclusivamente da cor de minha pele e do fato de eu ser homem. A mesma não me conhece, não faz a mínima idéia de que não sou rico (fato facilmente constatável), e, portanto não sou pertencente à citada "elite"; e parece não ter notado que o grupo de brancos ao qual ela se refere, tem em sua maioria negros.

Fui criado pelos meus pais com base nos mais estritos princípios de respeito ao próximo. Participo de projetos de promoção cultural em diversas comunidades de Salvador, atuo junto a jovens em situação de risco e nunca agredi qualquer mulher ou homem. Mas desconhecendo tudo isto, a aluna me acusa de racismo e sexismo sem ponderar o impacto que estas inverdades terão sobre minha vida e a vida da minha família.

Vou trabalhar dentro de todas as possibilidades legais até que a verdade dos fatos seja restabelecida. Faço isso não apenas por mim e por minha família, mas também por acreditar que um membro de C.A legalmente eleito não deveria utilizar em seu embate com a coordenação uma estratégia como a que está em curso.

Não venho através desta carta aberta mostrar "a minha versão da história", mas tentar esclarecer, que está em andamento um processo que pertence ao caso da política estudantil, onde meu nome está sendo utilizado sem qualquer ponderação sobre as consequências que as falsas acusações que me são feitas podem ter sobre minha vida e nem sobre os prejuízos que elas poderão trazer pra as minhas atividades presentes e futuras. Espero que as pessoas que me tem feito ameaças possam refletir um pouco melhor e antes de me condenarem, ou tentarem executar algum tipo de punição, acompanhem o restabelecimento da verdade dos fatos.

Mesmo temendo as ameaças que me foram feitas, retornarei a minhas atividades acadêmicas, pois pago a faculdade com bastante dificuldade. Portanto, venho através desta carta aberta afirmar que não sou agressor, sexista, racista e que não pertenço a qualquer elite nem grupos a qual me tenham acusado de pertencer. Espero poder continuar estudando e concluir minha graduação até que toda esta confusão tenha sido finalmente esclarecida.

Respeito, valorizo e me solidarizo com os movimentos negros e de mulheres. Mas estes estão sendo induzidos a erro por esta estudante, a qual de forma leviana vale-se da sua posição com a finalidade de prejudicar pessoa que nunca agiu, sequer por um momento, contra seus ideais e valores, os quais devem ser os ideais e valores de toda a sociedade brasileira. Atos como estes desonram e aviltam a memória e a luta dos heróis e mártires que a custa de tanto sofrimento cravaram em nossa Constituição os ideais de construção de uma sociedade livre, justa e solidária, pautada na dignidade humana e com vistas à promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Assinado Lucas Pimenta, estudante de história de pele branca, mas com sangue, carne e ossos da mesma cor do sangue, carne e ossos de todos os meus colegas do curso de história e de todos os cidadãos brasileiros, independente de cor, raça ou credo.



Cabe agora analisar com neutralidade os fatos e fazer valer a justiça, seja para qual lado for.

Sou negro, pobre, licenciado em história pela própria UNIJORGE em 2008, ex-membro do C.A. União dos Búzios, um dos mentores do protesto que parou o curso de História por uma semana, a faculdade por 3 dias e a Paralela por algumas horas em setembro de 2006 pela arbitrária demissão de mestres e doutores do nosso curso e pelo atropelo e morte da estudante Benedita Maria dos Santos, não envolvido com partidos políticos nem movimentos sociais por opção.

Racismo e Sexismo na Unijorge (1)

Antes de mais nada, não reclamem o tempo que passei longe das estradas... sabe como é, né?! Caminhão quebrado, gasolina cara, estradas esburacadas...

Mas vamos ao que interessa! Recebi um email hoje com o título "Racismo e Sexismo na Unijorge - O outro lado da história", se tratando de uma carta-resposta a um grave manifesto de uma estudante negra, supostamente, agredida por um outro aluno dentro da instituição. Óbvio que corri atrás para verificar sobre o motivo dessa resposta...

Como prefiro não fazer qualquer tipo de julgamento precipitado sobre o ocorrido, postarei aqui a manifestação da aluna Nairóbi Aguiar (suposta agredida) e, logo mais, Lucas Pimenta (suposto agressor). Cabe a vocês leitores deste conceituado blog (sic) julgarem o ocorrido.

Só lembrando: o motivo de eu colocar "suposta agredida" e "suposto agressor" não é para ser tendencioso a qualquer dos lados, mas sim porque não tenho como julgar o fato, tendo ele ocorrido ou não e seus motivos.

Na íntegra o manifesto de Nairóbi:

Carta aberta ao Movimento Negro em geral e ao Movimento de Mulheres Negra, em particular

Comunico às organizações de Movimento Negro e demais Movimentos Sociais e, em especial, às irmãs que compõem as organizações de movimento de Mulheres Negras, que eu, estudante do quinto semestre de Historia UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado- fui agredida com um tapa na cara por um estudante que compõe a organização do Simpósio de História “Pesquisa histórica na Bahia” na referida faculdade.
Fui agredida fisicamente (com um tapa na cara!) por um homem branco, estudante, como eu, do 5° semestre do curso de história da UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado. Enfatizo esse dado, por sabermos que o racismo e o machismo se articulam o tempo todo, para impedirem que pessoas como eu (preta “estilo favela!”) possam representar uma pequena minoria do curso de história (brancos, e classe média). Atualmente ocupo a posição de Coordenadora Acadêmica do Centro Acadêmico União dos Búzios, representação legítima dos estudantes do curso de história dessa Instituição.

Inicialmente, estávamos organizando com a coordenação do Curso de História uma atividade acadêmica (o simpósio de história); Entretanto, da noite pro dia fomos retirados da organização com a explicação de que o evento não deveria ter envolvimento do movimento estudantil, por parte um dos palestrantes, e que não iríamos assinar os certificados por quem estava organizando era a instituição.

Quando chegamos, no dia anterior ao fato, encontramos esse grupo de estudantes com a camisa da organização do evento (que até então era da universidade), fizemos algumas intervenções falando sobre a institucionalização da atividade do movimento estudantil e sobre a apropriação intelectual da atividade. (Tudo isso causou incômodo à organização do evento – Coordenação e estudantes envolvidos no processo).

Quando cheguei à atividade, no dia seguinte, fui impedida de assinar a lista de presença, que me legitimaria ganhar o certificado de carga horária do evento. Todas as pessoas assinaram, quando chegou a minha vez a organização da atividade recolheu a lista, e eu perguntei num tom alto no meio da palestra: ‘por que vou assinar a lista lá fora, já que todos assinaram aqui dentro?’ Na mesma hora todo mundo parou e me olhou... Esperei o evento acabar e chamei a coordenadora do curso pra pedir explicação, a mesma não deu atenção, acabei não comunicando sobre o ocorrido. Quando sai do evento me dirigi até o LUCAS PIMENTA (o agressor) e perguntei: ‘posso assinar alista?’ Ele disse: “você é muito mau educada!”, eu o interrompi e falei, ‘não quero te ouvir, só quero saber se posso assinar, caso contrario vou conversar com a coordenação’. E ele disse: “Você ta tirando muita onda, não é de agora que eu to te aturando!” E me deu UM TAPA NA CARA! Quando eu falei que Eu sou oriunda do Movimento Negro, do Movimento de Mulheres Negras, e que não ia deixar barato que ia acionar a Lei Maria da Penha pra ele, ele se curvou e foi segurado pelos colegas enquanto tentava me dar murros.

Ao dizer “você ta tirando muita onda” e em seguida me agredir o Sr Lucas Pimenta revelou um sentimento de insatisfação, não apenas dele, isoladamente, mas de muit@s outr@s diante do fato de eu ser Coordenadora Acadêmica no CA de História da Jorge Amado. O fato de estarmos adentrando o espaço acadêmico, por si só, já fez membros da elite branca sentirem-se ameaçados. Mas, esse tapa na cara ocorre em retaliação a um fato mais insuportável ainda, para Lucas e demais membros da elite racista desse país: sou Negra “favelada”, jovem e o represento, em um espaço que o projeto genocida de Estado brasileiro historicamente reservou para os branc@s.

Por essas razões, conclamo meus irmãos e em especial às minhas irmãs para amanhã, na extensão desta atividade, manifestarmos politicamente a nossa indignação e repulsa, diante desse caso inequívoco de machismo e racismo.